e eu declamava Bukovsky, em voz alta e com todos os picas, bucetas e cús inclusos no texto.
cú com acento. que soa sempre mais natural.
é isso, hoje foi um daqueles dias que me lembrou de leve os dias de uma epoca que não volta mais.
embalado pelo Menino Gélido de Bukovsky acordei com uma falta de vontade digna de um morto e só fui me reestabelecer depois da fisioterapia. E a isso, devo desculpas a pessoas que não leem esse blog.
Farei isso no devido tempo.
Fisioterapia feita, como em geral ocorre, me senti renovado. Fez um dia bonito, alias tem feitos dias bonitos. A luz embora não tão bela quanto a do Outono [Ñ me apresentaram, ainda, luz mais bela que a da floripa-outonal] realça as cores e mesmo pra alguem como eu, que não distingue roxo de lilas e tem certeza que salmão é um pleonasmo pra laranja, o mundo ganha uma tonalidade mas viva.
Segui andando para o centro, com o pensamento pulando de uma idéia n'outra. Vi uma fachada feita pelo Janga, um taxista parado logo em frente olhava para ela tambem, pensei comigo se aquele taxista tambem conhecia o Janga. É um sujeito conhecido, mas até ai... é uma fachada conhecida. Ela fica naquela rua, paralela ao Shopping, aquela que me levou tantas vezes pro Subway, pra casa do Zuntow e que hoje me levava prum capuccino na trajano.
Nunca tinha reparado nela, no entanto.
Acho que foi o carro tocando Carillon que me chamou a atenção.
É, deve ter sido isso.
Tentei decorar o nome do prédio, me veio em mente um antigo método de memorização que aprendi e nunca apliquei.
Nunca funcionou. Consequentemente.
Era algo com as primeiras letras. Me fez pensar de novo em Verne, Cabala e Anagramas. Eu disse que meu pensamento estava pulando. Quicando.
Depois de tomar um capuccino, ejetar um cd, consertar um pc e me enxer de whisky barato eu realmente me sentia um velho poeta bebado.
Só que não sou velho.
Só que não sou poeta.
Só que não estou bebado.
Quem se preocupa com detalhes?
Ainda tive tempo para comer uma pizza. Num deja vu interessante, com direito a mesma pizza gratuita.
Genio, foi o cara que inventou a saia
Curta.
Era tarde. É sempre tarde demais.
E no ponto de onibus, eu lia Bukovski, em voz alta. Competi por algum tempo com um sujeito tentando fazer seu trabalho, lavar a calçada do outro terminal.
E em meio aquele spray pressurizado podia-se ouvir um velho safado falando pouca-vergonha num terminal integrado.
E por falar em integração eis que surge um sujeito, Cicero, algo assim. Violeiro (sempre eles).
Desisto de ler. Aquilo virou um sarau e não é mais a minha vez, passo o bastão e ouço ele dedilhar algo bonito, bossa nova, suponho.
É josé, a festa não acabou, enfim. Aparece o johnny e a ana. E eles tem olhos vermelhos, uma garrafa de cana e uma mente enevoada. E o sarau vira circo. E derrepente eu escuto um Violeiro de estirpe tocar Pantera no violão.
Ainda não tive tempo de pensar se isso foi o começo ou o fim da noite.
O texto esta grande, o sono tambem. E no madrugadão das 1:30am os militantes se dividem em suas respectivas facções o violeiro acompanha a esquerda (aquele povo come criancinhas) para o continente. Eu venho pela direita, junto com o jonnhy servindo de bajulador politico, papagaio de pirata.
Entro no onibus junto com um sujeito grande, com seus 1,94. Viola na mão e papo de fisioterapeuta, argumentava um desconto com o motorista em terapias pra coluna. Quase me voluntariei.
E ele senta e toca.
E tudo que me lembro é de ver o cobrador fazer cara de Lulu Santos e de sair do onibus cantando Como dois Animais do Alceu Valença.
[]'s
Um eu,
aturdido por um dia comum. E ainda assim surreal.
:: 24:01